sexta-feira, 24 de abril de 2009

Origens do nome Macau

Macau é palavra composta possivelmente de “Má” ou “A-Má” (“A”, prefixo usado pelos chineses antes dos nomes de pessoas; “Má” = mãe), e “cau”. “Má” relaciona-se com a deusa protetora dos marítimos, venerada pelos chineses no velho templo “Má-Kók-Mil” (Pagode da Barra, para os portugueses), templo, provavelmente, anterior à chegada dos portugueses e que servia de abrigo temporário a pescadores.
O étimo “A-ma-ngao” ou “A-ma-ngau” é o mesmo proposto no século XVI e XVII pelo Padre Mateus Ricci, e por outros missionários e historiadores. Do cantonense “A-ma-ngao”, ou “A-ma-gau” para os portugueses, teríamos “Amagau > Amacau > Macau”. Não se trata, porém, de evolução natural, uma vez que as oclusivas sonoras não passam a surdas.
É mais provável que em lugar da designação de “Baía de A-Má” se empregasse “Embocadura de A-Má”, expressão em que se empregaria “Hau” (boca, embocadura). Daí teríamos “A-Ma-Hau”, com “h” aspirado pelos fuquienenses (da província de Fuquiem), passando a “A-Ma-K' au”, com “k” aspirado, explicando-se a forma “Amacau”.

Nos escritos do século XVI aparecem as variantes “Amaquam”, “Machoam” e “Amagão”. A forma “Amaquam” estaria documentada por Fernão Mendes Pinto, na carta de 20/11/1555. Seria o documento português mais antigo em que surge o nome de Macau. Na carta escrita de Macau pelo Padre Belchior Barreto, em 23/11/1555, estaria registrada “Machoam”. Há dúvidas, porém, quanto à estada de Fernão Mendes Pinto ou do Padre Belchior Barreto em Macau.
Austin Coates propõe a seguinte explicação para o nome Macau: “Má Kó”, a “Ancestral Avó”, padroeira dos pescadores, ouviu as preces destes, quando, apanhados por um tufão, foram desviados das suas zonas de pesca. Ofereceram preces a Má Kó e chegaram salvos ao porto de abrigo. Construíram, então, um relicário em honra de Má Kó, como prova de gratidão à deusa. Posteriormente surgiu um templo de dimensão maior, um dos pontos de referência em terra. Este local, em dialeto fuquienense, era designado por “Má Kó Cau” (enseada da Ancestral Avó), cuja abreviatura “Ma Cau” deu origem ao nome da futura cidade.

No dialeto cantonense ainda hoje se usa “Ou-Mun” (Porta da Baía) para designar Macau.

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