quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Mah Jong: um 'vício' popular


Hoje em dia (1985), viver em Macau e em Hong Kong pode ser descrito como algo de muito emocionante, senão mesmo enervante. Muitas pessoas participam em diversos tipos de actividades ou convívios sociais após um maçador dia de trabalho, de forma a animar as suas vidas monótonas. Em muitas das ocasiões de convívio social, o Mah Jong surge como um instrumento necessário para reunir grupos.
Não importa que se esteja a fazer uma visita a amigos ou a participar numa cerimónia. Em qualquer tipo de reunião encontrar-se-á gente a jogar Mah Jongg e o contrário é que será extraordinário. Provavelmente ter-se-á que se sentar sozinho à parte se não souber jogar. Não há dúvida que o Mah Jong tem sido o jogo mais popular e tradicional entre os chineses, mesmo comparado ao poker e ao xadrês.
Em Macau e Hong Kong, das pessoas que se conhece ou com quem se contacta, mais de 80% sabem jogar Mah Jongg e muitas gostam de o jogar, podemos dizer, que desde a criação deste jogo que a sua função é mais a de servir como pretexto para encorajar as relações sociais, do que como jogo de azar. Este é um dos jogos tradicionais mais largamente praticados em Hong Kong.
Sabe-se que os antropólogos levaram a cabo alguns estudos sobre os diversos tipos de jogos e classificaram-nos em três grupos básicos: os que recorrem à energia física; tal como o boxe e a luta romana; os de azar tal como o lançamento de dados; e finalmente os tácticos, tal, como por exemplo o xadrês. No que diz respeito ao Mah Jong no seu início tem-se de baralhar em primeiro lugar as peças e colocá-las duas a duas em quatro filas separadas. Lançam-se então à sorte três dados (ou dois ou um) para decidir quem e onde começar a distribuir as peças e isso é decidido apenas pela sorte. No entanto, enquanto se joga, o modo como se actua quando se descarta cada uma das peças, entre as treze que se têm na mão de modo a evitar que os outros jogadores ganhem e se possam ganhar no mais breve espaço de tempo e com o maior número de pomos possível.
Os antropólogos descobriram que os jogos de azar reflectem as crenças supersticiosas das religiões e deuses da sociedade, os jogos tácticos reflectem um certo grau de complexidade da estrutura quer política quer económica da sociedade. Peritos no assunto dizem que a maneira de ser do jogador do Mah Jong pode ser facilmente detectada, não podendo de modo algum ser ocultada durante o jogo. Muitas pessoas crêem que conseguiriam passar o tempo de lazer fácil e agradavelmente a jogar Mah Jong. Todos os factos mencionados acima respondem à questão de se saber porque é que o Mah Jong é tão popular e atraente. Não é necessário mas convém conhecer o modo como se joga o Mah Jong. Se assim não for o nosso prestígio social enfraquece sempre que nos perguntem se o sabemos jogar. E o verdadeiro jogo de azar que excita a atrai os humanos e o Mah Jong é em si mesmo um jogo de azar embora não seja o único.
A história do Mah Jong é um mistério. Ninguém sabe dizer quando e como apareceu. O que vai ser contado a seguir deve ser tomá-lo apenas como uma história ou lenda que faz alusão à história deste jogo. A China era uma das quatro civilizações mais antigas da Terra. Mas o Mah Jong devido ao seu encanto pôde, por sorte, ser praticado até hoje. Mas pergunta-se: quem teria criado este jogo? Como é que ele era no princípio? Como é que ele chegou à forma actual? Foi dito que este jogo foi em tempos jogado com cartas em vez das peças que hoje em dia são utilizadas. Uma lenda conta a razão para esta substituição do seguinte modo: Mah Jong era um jogo tão popular, que os funcionários do Império (governo) prestavam pouca atenção no seu trabalho para jogar ao Mah Jongg o que irritou o imperador e o levou a proibir a prática daquele. Foram os habitantes dos barcos que continuaram a jogar pois, a execução da ordem não se conseguiu impôr entre as «gentes flutuantes». As cartas podiam ser lançadas pelo vento ao mar e molharem-se. Por isso, foram substituídas por peças de osso. Diz-se que o Mah Jong foi criado há cerca de 800 anos na dinastia Yuen. Este género de jogo de origem chinesa chegou ao Ocidente na década de vinte do século XX.
O Mah Jong é melhor jogado com três participantes. Cada um dos participantes joga individualmente. A cada um deles é atribuído o nome de um vento Leste, Sul, Oeste e Norte. Na primeira jogada os ventos são decididos após os jogadores estarem colocados nos seus lugares. Um dos jogadores lança três dados. O número dos dados decide quem é o Leste e os outros ventos são designados a partir do Leste no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio. Se o jogador que é o vento de Leste não ganhar na primeira jogada, os ventos passam à volta da mesa também no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio. Então o Leste passa a ser Norte, o Sul torna-se Leste o Oeste passa a Sul e o Norte torna-se Oeste e assim por diante nas jogadas seguintes. Se o jogador que é o vento Leste ganha a jogada, retém o mesmo vento na jogada seguinte.
As peças do Mah Jong são de osso, mármore, bambú, madeira ou plástico. O desenho das peças varia. Os jogos comprados no Ocidente têm geralmente números árabes ao canto e as letras que indicam os quatro ventos. Um jogo padrão é constituído por 144 peças, 136 das quais são usadas no jogo. Quatro «flores» e mais quatro «estações». Estas oito peças são usadas para duplicar os pontos e, multas pessoas, costumavam Jogar sem elas. De entre as peças utilizadas no jogo existem as peças do ventos, as do dragão e três diferentes tipos cartas: peças numeradas de um a nove e existem quatro de cada tipo de peças. Os jogadores reúnem conjuntos de peças com o objectivo de completar os seus jogos, de acordo com a maneira prescrita. Os pontos são contados após cada jogo e o vencedor é o jogador que obtém o maior número de pontos quando o jogo termina.
Artigo de de Peter Lio publicado na artigo da revista Nam Van nº 8 de Janeiro de 1985

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