sábado, 31 de julho de 2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Hac Sá: tufão na década 1990

Praia de Hac Sá depois da passagem de um tufão.
Fotografia de Francisco Lima
Tradução fonética: Praia Preta.. ou seja, praia de areia preta. Retenho na memória da minha passagem por Macau na década de 1980: as piscinas (novinhas em folha na época ca.1986), o Fernando, a Colónia Balnear e, claro, a praia e as actividades ali realizadas no âmbito da Associação de Estudantes... entre outros aspectos que deixo para futuros post's.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Os "Amarante" de Macau

"O primeiro Amarante em Macau foi o meu Avô Materno, nascido a 27 de Fevereiro de 1891 e registado em Gôve, concelho de Baião, com o nome de Simão Amarante, filho de Ana Amarante. Os registos não indicam o nome do pai. O meu Avô falava pouco disso, dizia que tinha irmãos e que a mãe trabalhava numa quinta. Nunca estudou, porque a escola era muito longe e tinha de andar muitas horas para lá chegar. Em pequeno vendeu jornais (citou O Século), aos Domingos dava ao fole no órgão da igreja e, de vez em quando, recebia uns pontapés do padre organista, quando adormecia ao fazê-lo. Quando chegou a altura do serviço militar obrigatório foi mobilizado para Macau onde conheceu e casou com a minha Avó.
A minha Avó vinha de uma família da classe média alta. O pai era guarda-livros e a mãe tinha ascendência nobre de um avô brasonado, que teria sido Cônsul em Singapura ou Manila, já não sei precisar. Tinha duas irmãs. A dada altura, os pais separaram-se; as irmãs ficaram com a mãe em Manila e a minha Avó com o pai e foram viver para Macau. Como o pai viajava muito, a minha Avó foi internada num colégio de freiras, onde recebeu uma educação esmerada. Infelizmente, o pai morreu cedo e a minha Avó passou a ser apenas tolerada, com mais obrigações que direitos. Foi-lhe nomeado um tutor, um capitão, que soube gerir a sua pequena herança recebida do pai, o que lhe permitiu completar a instrução no colégio e ingressar numa escola de enfermagem.
A minha Avó, para a época, era uma muito alegre e bonita tendo, assim, muitos pretendentes. Um deles, filho de boas famílias, lá conseguiu o seu intento. Quando tudo já apontava para o casamento, surge o escândalo. Enquanto namorava a minha avó, o pretendente engravidara uma rapariga, pelo que, segundo os hábitos de então, foi obrigado a casar com ela.
A minha Avó sofreu um grande desgosto. Deixou de sair e de responder às cartas dos pretendentes. As companheiras diziam que ela ia ficar para tia pois nunca mais casaria. Tanto fizeram que a minha Avó disse que continuava a receber pedidos de namoro e que aceitaria o primeiro que viesse. Quis o acaso que a primeira carta fosse do meu Avô, que finda a comissão de serviço militar, decidira não regressar a Portugal e tinha entrado para a Corporação dos Bombeiros de Macau. Ora o meu Avô não sabia escrever, o pedido de namoro tinha sido escrito por um colega. Durante o período pré-nupcial, com obrigatoriedade de “chaperon”, nunca olharam um para o outro de frente nem de perto. Só na noite de núpcias a minha Avó soube que o meu Avô era bexigoso, apesar de ser um homem alto, forte e bem parecido.
Do casamento nasceram oito filhos, quatro rapazes e quatro raparigas: Branca (casou e teve cinco filhos), César (casou e teve quatro filhos), Vasco (nunca casou), Henriqueta (casou e teve três filhos, Tito (morreu jovem), Gisela (casou, e teve dois filhos), Hugo (casou e teve dois filhos) e finalmente Nídia (casou e teve quatro filhos).
O meu Avô chegou ainda a ser Chefe da Corporação dos Bombeiros de Macau, com bons serviços prestados, medalhado e louvado várias vezes. Reformou-se, era muito popular e até morrer era conhecido como o Chefe Amarante. O meu tio César fez carreira na Polícia de Macau onde atingiu um posto de destaque, reformou-se e morreu na Austrália. O Tio Vasco, homem dos sete ofícios, depois de percorrer as sete partidas do mundo, morreu em Hong Kong com idade avançada; as suas cinzas repousam na Noruega onde tinha uma casa. Henriqueta, a minha Mãe, casou com o meu padrasto (que considero o meu Pai), viemos viver para Portugal. Ambos já faleceram. A Tia Gisela, depois de casar, foi viver para Angola até à Descolonização, após a qual veio viver para Portugal. Faleceu há alguns anos. Tem uma filha em Portugal e um filho em Macau. O Tio Hugo foi polícia e bombeiro. Reformado, é ainda vivo, em Macau. A Tia Gija (Nídia), depois de casar emigrou para a Austrália. Vive com a família em Sidney.
Em Macau, além do meu Tio Hugo, mulher e filhos, tenho um primo, Jojo, filho da Tia Gisela e uma prima, Ivone, filha do Tio César. É casada e tem três filhos. Tanto quanto sei, os filhos da Tia Branca estão espalhados entre a Tailândia e as Filipinas. Dos restantes filhos do Tio César, dois estão na Austrália e um filho estará em Portugal.
Quanto a mim, nasci de uma ligação de minha Mãe com um músico filipino que tocava em Macau durante os anos da guerra. Curiosamente, nasci em Cantão em 16 de Julho de 1949, onde o meu pai biológico trabalhava temporariamente, embora tenha sido registado em Macau, na freguesia da Sé. Os meus pais separaram-se teria eu dois anos. O meu pai biológico regressou a Manila onde era originário e tinha família constituída. Queria levar-me com ele, mas a minha Mãe não quis. Mais tarde, a minha Mãe passou a viver com aquele que considero o meu verdadeiro Pai, na altura, alferes, em comissão de serviço. Desta ligação tiveram dois filhos, os meus irmãos Mário Vasco e Diana. Meu Pai adiou várias vezes o regresso à então Metrópole e frequentava um curso de Engenharia Electrónica, por correspondência, com vista a uma eventual emigração para Austrália. A nossa vida decorria normalmente, fiz a Escola Infantil “D. José da Costa Nunes” até 1956 e frequentei a primária na Escola Central até à 2ª classe, quando, em 1958 o meu Pai recebeu uma proposta de regresso a Portugal para frequentar um Curso de Oficiais para ingresso no Quadro Permanente do Exército. Meu Pai optou pelo regresso e, assim, aconteceu a nossa vinda para Portugal nesse mesmo ano. Meus Pais casaram em 1972. Nunca mais voltei a Macau. Eis, o mais resumido possível, a história dos Amarante em Macau."
Avós de Reinaldo Amarante -Simão e Henriqueta - 
no dia do casamento e na década de 1950
Csamento da tia Gija (Nídia) com Vasco Sales da Silva em 1961 e Natal do mesmo ano
Reinaldo com o pai
Testemunho de Reinaldo Amarante que tem um blog onde conta as histórias da Avó Má http://conversas-com-avo-ma.blogspot.com/ e da restante família.
PS: aqui fica o agradecimento em jeito de homenagem ao Reinaldo que aceitou o meu desafio para contar as suas memórias de Macau e que este mês completou 61 anos de vida. Obrigado e parabéns!
Reinaldo (o da garrafa) ontem, tal como hoje, a celebrar em família

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Baía N. Srª da Esperança - Taipa

Na baía da N. Senhora da Esperança cinco moradias construídas em 1922 foram recuperadas no final da década de 1990. Pelo seu projecto de renovação das cinco moradias na Ilha da Taipa a arquitecta portuguesa Maria José de Freitas - radicada em Macau desde 1987 - foi distinguida com uma Menção Honrosa no âmbito do Prémio Arcasia 2002, na categoria de Projectos de Conservação.
A entrega do prémio realizou-se durante o 10º Congresso dos Arquitectos da Ásia (ACA) e o 23º Encontro do Conselho do Arcasia (Architects Regional Council of Asia), que decorreu em Nova Delí, na Índia. O galardão visa premiar a excelência dos trabalhos a concurso e a sua atribuição contribui para melhorar a divulgação dos projectos realizados como exemplos a seguir pelas novas gerações, de forma a garantir a sustentabilidade da boa arquitectura na Ásia. Informações adicionais  neste post http://macauantigo.blogspot.com/2010/06/vivendas-taipa-desde-1921.html
                            
As imagens representam o antes (década 1970) e o depois (década 1990) do projecto de renovação.
Imagem da década de 1920
Imagem da década de 1990 cedida por Maria José de Freitas

Pedro Correia de Barros: 1911-1968

Antes de ser nomeado Governador de Macau - tomou posse a 4 de Fevereiro de 1957 no Ministério do Ultramar - já era um profundo conhecedor do Território. Pedro Correia de Barros nasceu em Loulé a 20 de Junho de 1911, filho de Miguel Correia de Barros e de Joaquina Correia Dourado de Barros. Ingressou na Escola Naval da qual se graduou em 1932, tendo também tirado os cursos de piloto observador militar de hidroaviões (1937) e o curso geral naval de guerra (1949). Foi Governador de Macau entre Março de 1957 e Setembro de 1958 e de Moçambique entre 1958 e 1962. Regressando à Metrópole (Portugal foi promovido em 1962 a Capitão de Mar e Guerra, posto no qual veio a morrer em 1968.
Em Macau foi comandante do Centro de Aviação Naval entre Outubro de 1941 e Outubro de 1943, nesta altura com a patente de 1º Tenente. Em simultâneio era ainda Presidente do Leal Senado e foi ainda Delegado do Governo na Comissão Administrativa da Caixa Escolar e Professor interino do 2º Grupo do Liceu Nacional Infante D. Henrique.  Terminada a comissão em Macau seguiu para Moçambique em 1945 acompanhando (a julgar pela coincidência das datas) o Gov. Gabriel Maurício Teixeira.
Regressaria a Macau no dia 8 de Março de 1957 onde desembarcaria do navio "Gonçalves Zarco" no Porto Interior já como Governador. Foi proclamado Cidadão Honorário de Macau. Mais uma entre as vastas distinções e condecorações da sua 'folha de serviços'.
Faleceu em Lisboa com o posto de Capitão de Mar e Guerra em 2 de Fevereiro de 1968. No dia 23 o Diário de Notícias escrevia um artigo onde traçava o perfil do comandante Correia de Barros e dizia "uma carreira brilhante que bruscamente a morte veio interromper aos 56 anos."
O Centro de Aviação Naval de Macau no Porto Exterior ca. 1941

terça-feira, 27 de julho de 2010

Aeronáutica militar em Macau

O Osprey nº 4 aterrando nas águas de Macau.
Um Osprey a ser içado para bordo do Afonso de Albuquerque

Com 3 Fairey IIID, foi organizada em 1927, em Macau, a terceira unidade da Aviação Naval portuguesa. Em 1934 a unidade de Macau foi reforçada com 8 Hawker Osprey (ou 4? ou 6? os números variam consoante as fontes). Estes foram integrados na Aviação Naval em 1935 e durante algum tempo serviram a bordo dos avisos Afonso de Albuquerque e Bartolomeu Dias, sendo os únicos aviões embarcados da Armada. Após serem substituídos a bordo por canhões anti–aéreos, estes dois aviões foram destacados para o Centro de Aviação Naval de Macau, onde serviram até 1941.
Outros seis foram adquiridos pelo Ministério das Colónias para o C.A.N. de Macau. Tinham um motor Rolls Royce Kestrel II – M 5 de 630 h.p. atingindo uma velocidade de 282 Km/h e uma autonomia de 600 Km.
O CAN, Centro de Aviação Naval de Macau era uma hidrobase instalada na ilha da Taipa em 1927 para apoio às forças navais que combatiam a pirataria nos mares da China. O centro foi desactivado em 1933 mas reactivado em 1937, por ocasião da Guerra Civil chinesa e da invasão deste país pelo Japão. Em 1940 o centro foi transferido para as novas instalações construídas no Porto Exterior (ver imagem abaixo). Em 1942 foi definitivamente desactivado.
Perto do final da II Guerra Mundial, em 16 de Janeiro de 1945, a aviação americana atacou a cidade. A razão principal do ataque foi a destruição dos depósitos de gasolina existentes no hangar do antigo Centro de Aviação Naval de Macau, no Porto Exterior, que ficou reduzido a escombros. O quartel de S. Francisco foi atingido por tiros que partiram vidros, danificaram a cobertura, perfuraram canalizações e esgotos e causaram feridos ligeiros. A fortaleza de D. Maria, onde se encontrava o Posto de Rádio ficou danificada. O ataque cifrou-se em cinco mortos. E foi repetido em 5 de Março e 7 de Abril. Todos os ataques foram realizados por esquadrilhas da “Taskforce 38” da USAF, sob o comando do Almirante William Halsey.

Fairey III D nº 20, da Aviação Naval, ao serviço do C.A.N de Macau
(em baixo sobrevoando Hong Kong)
O Fairey III D chegou a Portugal em Janeiro de 1922, devido ao interesse da Marinha em experimentar o lançamento de torpedos a partir do ar. Entre o primeiro conjunto de três hidroplanos Fairey entregues, havia um especial, o Transatlantic Fairey III D, que o comandante Sacadura Cabral tinha solicitado para concluir a travessia planeada do Atlantico Sul.
O F-400 Transatlantic, denominado "Lusitânia", tinha uma maior envergadura de asa que os outros, um maior alcance em distância e podia transportar dois tripulantes lado a lado. Este foi o avião no qual Gago Coutinho e Sacadura Cabral começaram a sua travessia em 30 de Março de 1922 e que se despenharia perto das rochas de S. Pedro, ao largo da costa do Brasil. O F-401, um III D cujas asas tinham sido expandidas, foi então expedido para Fernando de Noronha para substituir o "Lusitânia". Este avião acabaria também por cair no mar após uma falha de motor. O avião que concluiria a travessia seria um F-402, outro III D, chamado "Santa Cruz", que se encontra em exposição no Museu da Marinha, em Lisboa. Uma réplica do mesmo avião pode ser vista no Museu do Ar em Alverca. Aos modelos F-401 e F-402 foram dadas os códigos 16 e 17. O Lusitânia não teve código por ter sido considerado um avião destinado a uma missão especial.
Em Novembro de 1922 a Aviação Naval obteve mais três Fairey III D, que foram registados com os códigos 18, 19 e 20. Numa emergência, dois destes aparelhos (19 e 20), juntamente com o "Santa Cruz" inaugurariam o Centro de Aviação Naval de Macau, localizado na ilha Taipa. Quando a tensão na zona baixou, o "Santa Cruz" regressou a Lisboa, enquando os outros dois ficavam em Macau. O centro de Aviação Naval de Macau foi desactivado em 1933 e quando foi reactivado em 1938, estes dois aviões ainda lá se encontravam, mas já tinham sido oficialmente retirados do serviço em 1930.

Desenho do hidroavião Fairey
NA: post escrito a partir de artigos de José Fernandes dos Santos; Fotografias do Museu da Força Aérea Portuguesa.

Emissões de avos: 1946

Neste ano surgiram emissões de 5,10, 20 e 50 avos

Depósito BNU: 1937

This is a CD issued to Miss Leung Sook Yin by the Macau Branch of the Atlantic Overseas Bank (BNU) with a principle of one thousand dollars. The term was six month with a 2% interest rate, issued on 1937, Aug. 11. - Translation by Mio S. Lau
Nota de um depósito de mil dólares feito no BNU com com um prazo de 6 meses e uma  taxa de juro de 2%. A 11 de Agosto de 1937.
Full translation: Atlantic Overseas Bank, Macau Branch
Number 3964 (this number is more visible in the other side of this certificate in Portuguese Certificate. Maturation Date 1938 Feb 12. Leung Sook Yin submitte...d one thousand dollars for a six month term. Interest of two dollars for every 100 dollars per year will start accumulated as of today. At maturation date, the holder must show this certificate to either collect the principle plus interest or extend the term. If extension is not applied, interest will stop accumulated at the maturation date. 1937, Aug. 11. This certificate is not transferrable. If there is discrepancy between the Portuguese and Chinese certificates, the Portuguese certificate is considered the correct version.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Almeida e Costa: 1932-2010

O antigo governador de Macau Almeida e Costa faleceu hoje (domingo, 25 de Julho) em Lisboa, após doença prolongada, disse à Agência Lusa um amigo de longa data deste oficial da Marinha portuguesa.
Segundo o coronel Amaral de Freitas, o estado de saúde de Almeida e Costa agravou-se nos últimos meses, tendo falecido às 16:00 de hoje no Hospital da CUF, em Lisboa.
O corpo vai estar na capela de São Roque, nas instalações do Estado maior da Armada, estando o funeral marcado para as 10:00 de terça-feira no cemitério de São João do Estoril.
Fernando Vasco Leote de Almeida e Costa nasceu em 1932 e como oficial da Marinha passou por Goa e Guiné-Bissau, onde foi distinguido com a Cruz de Guerra de 1.ª classe.
Após o 25 de Abril foi ministro da Administração Interna durante o governo de Pinheiro de Azevedo, entre Setembro de 1975 e Julho de 1976.
Em 23 de Junho de 1976, tornou-se primeiro-ministro interino após Pinheiro de Azevedo ter sofrido um ataque cardíaco durante a sua campanha presidencial e assim continuou até ao fim do mandato de Pinheiro de Azevedo, quando este foi substituído por Mário Soares.
Posteriormente, Almeida e Costa foi 134.º Governador de Macau, entre Junho de 1981 e Maio de 1986.
A sua passagem por Macau fica marcada pelo lançamento de projetos importantes para o futuro do território: a nova Taipa e o aeroporto, entre outros empreendimentos.
"Como governador de Maceu fez uma obra notável", lembrou o coronel Amaral de Freitas.
Artigo da Agência Lusa assinado por FC.
Distinguido com a Cruz de Guerra de 1ª classe, Almeida e Costa foi ministro da Administração Interna no governo de Pinheiro de Azevedo, entre Setembro de 1975 e Julho de 1976. Após o ataque cardíaco sofrido por Pinheiro de Azevedo, em Junho de 1976, este oficial da Marinha Portuguesa foi primeiro-ministro interino até ao fim do mandato, antes de ser substituído por Mário Soares.
Depois, Almeida e Costa foi Governador de Macau entre Junho de 1981 e Maio de 1986, um período marcado pelo lançamento da nova Taipa e do novo aeroporto do território.
Reacções na Rádio Macau:
Segundo Leonel Alves, a politica de Almeida e Costa caracterizou-se por “muita crispação” em relação à comunidade macaense. No entanto, essa mesma crispação, termos de resultado final, acabou por “contribuir para a unidade da comunidade”.

Sales Marques, ex-presidente do Leal Senado, destacou os “imensos conflitos” que o então Governador criou, com determinadas politicas, embora salientando “a coragem” que Almeida e Costa teve, ao avançar com essas medidas.
Rocha Dinis, director da do “Jornal Tribuna de Macau” e um jornalista que esteve “frontalmente contra” a governação de Almeida e Costa, lembrou, também em declarações à Rádio Macau, que as politicas de Almeida e Costa contribuíram para a “desertificação dos portugueses em Macau”.

Jardim S. Francisco: anos 40

Uma imagem conseguida na mesma época da anterior, mas mais aproximada.

Praia Grande - Lado Este: 1938

Postal de 1938: na imagem - fotografia tirada a partir da zona dos primeiros aterros da Praia Grande finalizados em meados da década de 1930 - pode ver-se o colégio de Santa Rosa de Lima, o Jardim de S. Francisco e o Pavilhão Octagonal e o Quartel de S. Francisco... e ainda, à esquerda o edifício que ficava no cruzamento do início da Av. da Praia Grande; bastante reconhecível pelas arcadas.

domingo, 25 de julho de 2010

Memórias de Yolanda da Luz Ramos

Um retrato de uma macaense nascida em Macau em 1954 e que ali permaneceu até1970 ano em que partiu... Mais um exemplo da diáspora que ao longo do século XX teve vários episódios e que tenho abordado em diversos post's: 2ª Guerra Mundial, Revolução chinesa de 1949, Revolução Cultural nos anos 60 e reflexos em Macau nos incidentes de Dezembro de 1966, etc...
Nasci em Macau onde fiquei até os meus 26 anos . Eu sou de uma família de seis irmãos. Meu pai Álvaro Augusto Xavier da Luz era sub-chefe de polícia, mas foi obrigado a aposentar-se bem cedo por causa de um tiro que sofreu quando foi socorrer uma senhora assaltada numa das ruas de Macau. O tiro perfurou-lhe o baço e desde aquela data ele ficou com alguns problemas de saúde. Como aposentado ele trabalhou durante muitos anos no escritório forense do Dr. Carlos Paes d’Assumpção a quem ele tinha muito respeito e admiração.
Quando criança, morei com a minha família na Rua Nova de S. Lázaro, em cujo bairro havia muitos macaenses, como as duas famílias Cordeiro, as famílias Luz, Viana, Mendonça, Bañares, Bernardo, Amorim, Sá e Silva, entre outros. Cresci brincando na rua com toda a vizinhança. Éramos crianças livres e felizes como tantas outras crianças macaenses daquela época. Não havia computadores nem brinquedos eletrônicos, mas tínhamos muita imaginação e a gente improvisava nossos próprios brinquedos como Talú, Cinco-saco, Tapa, etc.
Quando eu tinha 13 anos, a minha família mudou-se para a Calçada do Tronco Velho, localizada na descida da antiga Escola Comercial, em frente ao Teatro Oriental. A nova casa deu-nos sorte, pois desde que mudamos, o nosso padrão de vida melhorou consideravelmente. Os meus três irmãos mais velhos, a Cíntia, o José e a Natércia foram trabalhar para Hong Kong, como faziam grande parte dos macaenses naquela época por falta de empregos em Macau, e eu e os meus dois irmãos mais novos, o Álvaro e o Rogério, ficamos com os pais em Macau.
refugiados chineses em Macau: 1962
Eu cheguei a estudar na Escola Comercial até o 2º ano, mas como queria também trabalhar em Hong Kong como os meus irmãos mais velhos, fui estudar inglês no Colégio de Santa Rosa de Lima, mas não adiantou nada porque o meu pai nunca me deixou sair de Macau. Quando saí do Colégio, prestei concurso para trabalhar na Emissora de Radiodifusão de Macau, e consegui classificar-me em primeiro lugar dentre inúmeros concorrentes. Trabalhei na Emissora durante quatro anos e era tudo o que eu queria de um emprego.
Eu era assistente de Alberto Alecrim, o Coordenador da Programação da Emissora e para minha alegria, muitas vezes ele me deixava escolher as músicas de programas como “Miscelânea Musical” ou “Músicas para seu Almoço” porque percebeu que eu tinha sensibilidade por música. Eu e o Alecrim fazíamos um programa escrito por ele intitulado “Vamos Jogar no Totobola” que eram palpites e dicas para os jogadores de totobola, mas com toques de muito humor. Todas as quartas-feiras subíamos até à torre do Edifício dos Correios (que era onde estava localizada a sala de transmissão da Emissora) e fazíamos a gravação para ser transmitida à noite – era muito divertido.
A partida de Macau
Só deixei a Emissora uma semana antes da minha saída de Macau para Portugal com o meu marido Manuel e um filho de quase dois anos e uma filha de seis meses, numa viagem extremamente cansativa por causa das crianças. Permanecemos alguns meses com os pais do Manuel (que ele não via há oito anos), e depois partimos definitivamente para o Brasil em Setembro de 1970. Senti muito em deixar Macau, o meu emprego e os meus amigos, especialmente a Helena Silva que era a minha melhor amiga (que lamentavelmente faleceu um mês depois da minha partida, num acidente de carro), os nossos sempre bons amigos Fernanda e Humberto Barros (excelentes companheiros de saídas noturnas - atualmente morando em Califórnia), o Virgílio Mendonça, que mudou-se para Portugal com a família (era o melhor amigo do meu saudoso irmão Álvaro), a minha querida e saudosa amiga e colega da Emissora, Deolinda Joaquim (também já falecida), e os meus amigos de longa data, o casal Antonio e Teresa César, que estão no Canadá. Aliás, estou muito feliz em dizer que, após ter perdido contato com o Tony e Teresa César (eu procurando por eles e eles procurando por mim durante quase 40 anos!!), acabei de “reencontrá-los” – são de facto, amigos para toda a vida.
Sou Yolanda da Luz Ramos, natural de Macau, filha de Álvaro da Luz, de família quatrocentões de Macau, (segundo o livro de Forjás) e de Marcelina Dias da Luz, que era filha de pai português (de Portugal) e mãe chinesa (de Macau). Sou casada com Manuel Ramos, um português com coração macaense, meu companheiro de todas as horas, e temos dois filhos muito amados, Isabela e Luís Manuel, nascidos em Macau. Temos também um adorável neto, Vinícius, nascido no Brasil. Os nossos dois filhos são formados em Administração de Empresas e hoje, graças a Deus, estão bem encaminhados na vida. Estamos no Brasil desde 1970 e moramos em São Paulo.
NA: Excerto de um testemunho retirado do site Memória Macaense; A última imagem é de uma rua no final da década de 1960.

sábado, 24 de julho de 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Jack Birns e Roy Rowan: 2 repórteres em Macau em 1949...o comércio do ouro

Dos dois protagonistas deste post só um é vivo. Roy Rowan. Está nos Estados Unidos e apesar da idade bastante avançada, está a preparar um livro (mais um...) pelo que não respondeu a todas as questões que lhe coloquei. A história de ambos já deu um livro - Chasing the Dragon - mas dava muito bem um filme. E os direitos para isso já foram comprados por Hollywood.Este dois jornalistas (um deles fotógrafo, Jack Birns) estiveram desde meados da década de 1940 no sul da China e em 1949 visitaram Macau. A reportagem foi publicada na edição da Life de 8 de Agosto de 1949 - pp. 19 a 23. Foram os únicos jornalistas ocidentais a testemunhar esses tempos conturbados na China.
Jack Birns is an American photographer, known for his portraits of wives of American presidents in the late 1980s and early 1990s. Birns also documented China's civil war as a staff photographer for Life magazine in the 1940s. His photographs were featured in a 2003 book, Assignment: Shanghai, Photographs on the Eve of Revolution.
Jack Birns é um fotógrafo norte-americano. Nos anos de 1980-90 ficou conhecido pelos retratos que fez das primeiras-damas dos EUA. Ao serviço da revista Life esteve na China (guerra civil) e em Macau (comércio do ouro) na década de 1940. Em 2003 foi editado um livro sobre a sua estadia em Shangai, entre Dezembro de 1947 e Maio de 1949. "I was the only international photographer present formost of the time from 1947 to 1949... I brought a lot of stuff to the attention of the world," disse Birns numa das zuas últimas entrevistas antes de morrer há poucos anos. Tinha na altura 84 anos e vivia na Califórnia.
After arriving on a troop ship with his pregnant wife, he soon realised that his assignment was more than just reporting dailynews. "I was a pictorial historian," he said. He took so many pictures that there was not room for all of them between the covers of Life, and some of them are now published for the first time".
Na sequência do final da 2ª Guerra Mundial e terminado o comércio do ópio Macau encontrou no comércio do ouro a salvação para uma economia fortemente abalada pelas consequências da segundo conflito mundial que na região se denominou guerra do Pacífico.
Portugal não assinou o tratado de Bretton Wood que fixou o preço do ouro em 35 dólares a onça. Em Macau praticava-se o preço livre; era o mercado que funcionava; o preço rondava os 50 dólares/onça. A Macau chegavam cerca de 500 mil onças/mês oriundas das Filipinas (hidroavião). O Governo de Macau cobrava um imposto de 60 cêntimos por cada onça que entrava e/ou saída do Território. O ouro chegava com 99,6% de pureza. Em Macau o ouro era derretido sendo-lhe acrescentado prata, fazendo com que o grau de pureza descesse para os 99%, o mínimo exigido pelo mercado chinês. Que negócio!
Os juncos faziam o transporte do ouro para Hong Kong; por cada onça transportada cobrava-se um dólar. Estas 'carreiras' era muitas vezes atacadas por piratas. É também nesta época que ocorre em Macau o primeiro sequestro a nível mundial de um avião comercial. E por causa do ouro, claro.
Rowan and photographer Jack Birns hefting 400-Troy ounce gold bricks in smuggling syndicate's steamy basement foundry in Macao in 1949. Smelted into ten-ounce bars, the gold was then hidden aboard junks destined for black markets in Shanghai and other China ports where the Nationalist currency had become virtually worthless
"Gold is god in Macao, but even though the entry and sale of gold is legal, the word is rarely mentioned publicly. the trade flourishes in the secrecy that surrounded the opium traffic. Nobody likes to admit that the key to trade is smuggling. Businessman only confide with a wink that 'gold is our inivisible export'." Roy Rowan - excerto do artigo

Born in New York City, February 1, 1920, Roy Rowan was raised in Manhattan's Greenwich Village. At the age of 12, he began writing, editing, and publishing a four-page, mimeographed neighborhood newspaper, a venture that sparked an ambition to become a journalist. Rowan graduated from Dartmouth College in 1941, and received his MBA from Dartmouth's Amos Tuck School of Business in April 1942. Drafted into the US Army the following month, one of his first duties was to escort Italian Prisoners of War back from North Africa on an Army Liberty ship. He later spent two years serving in New Guinea and the Philippines, before mustering out of the service as a major in February, 1946.
In 1946, unable to secure a job as a foreign correspondent, Rowan joined the United Nations Relief and Rehabilitation Administration (UNRRA) during the Chinese Civil War between Mao Zedong's Communists and Chiang Kai-shek's Nationalists. There he also began photographing and writing freelance articles about the conflict, sending his pictures and articles back to major magazines in the United States in the hope of establishing himself as a journalist. Frustrated by the lack of response, he decided to return to the U.S. Shortly before leaving Shanghai in December 1947, the Time-Life bureau chief approached him and informed him that Life magazine had printed several of his photographs and asked if Rowan could write an article on the war in Henan Province. The next month, Life hired him as their China and Southeast Asia correspondent. Rowan then covered all the major battles of China's Civil War leading up to the fall of Shanghai in May 1949. Following the Communist takeover, Rowan served as Life bureau chief in Hong Kong, Rome, Tokyo (mainly as a war correspondent in Korea), Bonn (covering the Cold War in Europe), and Chicago. During that last assignment, he traveled around the country for a month with Jimmy Hoffa, the notorious Teamster boss, for an exclusive three-part series on the all-powerful, but corrupt labor union.
In 1961 Rowan was transferred to New York City and appointed Life’s assistant managing editor in charge of the magazine’s worldwide news coverage. When JFK was assassinated in 1963, he was having lunch with the company’s editor-in-chief, Henry Luce, who ordered him to fly out to the printing plant in Chicago to stop the presses and remake the magazine, using the now-famous Zapruder film that pictured the actual shooting of the president.
In 1969, Rowan began working with Time Inc. on his proposal for a new waterfront magazine. When Time's financial backing of the magazine fell through, Rowan left Time Inc., and joined by nine other investors to found Seascape Publications in 1970 - Rowan serving as both President of the newly-formed company and Editor of On The Sound Magazine. In November 1972, Universal Publishing acquired On The Sound, and Rowan returned to Time as its bureau chief in Hong Kong - covering China, Thailand, Indonesia, Australia, New Zealand, Cambodia, and Vietnam. Rowan was evacuated from Saigon on one of the last helicopters in April 1975. He then wrote his first book, The Four Days of Mayaguez, in 1975.
In 1977, Rowan left Time and became a senior writer for Fortune Magazine. Between then and his retirement in 1985, he wrote more than 65 major articles for the magazine, including an exclusive 15-page report on the “Top 50 Mafia Bosses in America.”. He "retired" in 1985 but continued to write two or three Fortune articles a year, as well as his second book, The Intuitive Manager in 1986. A Day in the Life of Italy, a project Rowan co-edited, was released in 1990. In the book, 100 photographers shooting at different locations around Italy, recorded in detail what happened over a 24-hour period on April 27, 1990. In January of that same year, Rowan spent two freezing weeks on the streets of New York City living as a homeless man for a 10-page eyewitness report in People. His bylined articles, besides those in Time, Life, and Fortune, have appeared in Smithsonian, the Atlantic Monthly (a 6,000-word report on his own battle with cancer), Reader’s Digest, and the New Republic.
His third book, Powerful People, was published in 1996, followed closely by First Dogs: American Presidents and Their Best Friends in 1997. It was made into a one-hour documentary and aired on the Discovery Channel. Rowan wrote the narration for actor Kelsey Grammar. A year later, his fifth book, Surfcaster's Quest, a return to Rowan's passions - the waterfront and fishing - was published. In 2003, Rowan published his first work of fiction, Solomon Starbucks Striper: A Fish Story About Following Your Dreams. His seventh book, Chasing the Dragon: A Veteran Journalist's Firsthand Account of the 1946-1949 Chinese Revolution, was published in 2004 and has been optioned by Universal Pictures in Hollywood for a feature film. A paperback edition of Chasing the Dragon was published in 2008. His eighth book, Throwing Bullets: A Tale of Two Pitchers Chasing the Dream was published in 2006.
Rowan has served as President of the Overseas Press Club of America, the Time-Life Alumni Society, and the Dutch Treat Club, a 100-year-old organization for members of the arts. In 1995 Rowan received an honorary doctorate from Hartwick College in Oneonta, New York. The archives there have now acquired all of his papers and photographs. Rowan received the 2006 Henry R. Luce Award from Time Inc. for lifetime achievement in journalism. He and his wife, Helen Rounds Rowan, live in Greenwich, CT and Block Island, RI. They have four sons, Dana, Douglas, Nicholas, and Marcus.
NA: Texto do site de Roy Rowan que em 2002 doou o seu espólio ao Hartwick College.
Roy Rowan is one of only two living American journalists who covered the fall of China to the Communists, and in Chasing the Dragon, he recounts his personal experiences during one of modern history’s most tumultuous and significant events.
Livro Chasing the Dragon: A Veteran Journalist's Firsthand Account of the 1946-1949 Chinese Revolution - The Lyons Press, 2004. An amazing true personal account of the Chinese Revolution and the fall of China to the Communists.
Os direitos para um filme já foram comprados e a produção vai ficar a cargo de Robert de Niro. Eis uma notícia de Julho de 2007 que o prova. Se a passagem por Macau entra no filme é que ainda não se sabe... Assim como está por confirmar quando ficará pronto. 2010 chegou a ser avançado como provável, mas até agora nada!
Robert De Niro will produce a movie about the rise of Mao Zedong and communism in China based on Roy Rowan's memoir "Chasing the Dragon" for Universal Pictures.
Getting a new promising film project for his Tribeca Entertainment, veteran actor Robert De Niro is teaming up with producing partner Jane Rosenthal to set up "Chasing the Dragon" which will depict the rise of Chinese leader Mao Zedong and communism in China.
Pic reportedly will be developed at Universal Pictures based on a memoir by Roy Rowan, who is set to be a consultant for the flick, which has already had duo Jon Marans and Yuri Sivo onboard to pen its script with the latter one to also executive produce. It is said that the two are about to weave the story into an epic-sized drama with a love story.
Rowan, a young Dartmouth graduate and aspiring reporter in the 1940s, initially came to China to work for United Nations Relief, but later traded in the gig for a job as correspondent for the Shanghai bureau of Time and Life. Accompanied by photographer Jack Birns, he then covered China's civil war and observed close up the rise of Mao and his army, along the way falling for a Chinese interpreter who may have been a spy.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

1949: revista Time Life

Noutro post já coloquei algumas fotografias da grande reportagem de Jack Birns (fotografia) e Roy rowan (texto) para a revista Time Life em 1949. Em breve adicionarei mais informação sobre estes dois jornalistas e a sua passagem pelo Sul da China e Macau numa época especialmente conturbada. Nota: nem todas as fotografias foram publicadas naquela edição de Agosto de 1949.